No coração do centro histórico de Teresina, o Mercado Central São José, conhecido carinhosamente como Mercado Velho, completa 171 anos de história neste 19 de março. Mais do que um centro comercial, ele é um símbolo da identidade cultural e econômica da cidade, um espaço que carrega memórias de gerações de permissionários e clientes que fazem parte de sua trajetória.
Fundado em 1854, durante a gestão do conselheiro José Antônio Saraiva, o mercado nasceu junto com a nova capital piauiense, sendo por décadas o epicentro do comércio local. Situado na Praça da Bandeira, próximo ao rio Parnaíba – que na época era a principal via de entrada para a cidade –, o Mercado Velho sempre foi ponto de encontro, trocas e tradições.
Um novo tempo para o Mercado Central
Apesar de sua importância histórica, o mercado passou por períodos de esquecimento e dificuldades. Mas hoje, com uma nova administração e um olhar mais atento à sua revitalização, o espaço está sendo transformado para atender melhor tanto os permissionários quanto os visitantes.
Andrezinho, administrador do mercado, destaca os esforços para modernizar a estrutura sem perder a essência tradicional do espaço. “Por muito tempo, o Mercado Central foi esquecido pelo poder público, mas agora estamos vendo sua revitalização e muito em breve, vamos entregar um novo mercado, com setores modernizados para frutas e verduras, restaurantes e outros serviços. Além disso, estamos reformando as ruas ao redor para melhorar o acesso e atrair ainda mais visitantes”, afirma.
E essa renovação não acontece apenas na estrutura física. Pela primeira vez, o mercado ganhou presença ativa nas redes sociais, com um perfil no Instagram e a criação de grupos em redes sociais para facilitar o diálogo entre a administração, permissionários e frequentadores. “Quando assumimos, identificamos que o Mercado Central de Teresina era o único mercado central em todo o Brasil sem uma rede social ativa. Isso dificultava a atração de novos clientes e turistas. Hoje, temos um espaço digital para divulgar nossa cultura e economia”, complementa o administrador.
Permissionários: vidas dedicadas ao mercado
O Mercado Velho não é apenas um local de comércio. Para muitos, ele é uma casa, um legado familiar, um lugar que sustenta sonhos e histórias de vida.
David Pires, permissionário do Mercado Velho
David Pires, permissionário há mais de três décadas, carrega no sangue o amor pelo mercado. “Costumo dizer que o mercado foi minha maternidade. Sou neto de permissionários e cresci nesse ambiente. Essa reforma é um sonho do meu avô, que não teve a oportunidade de ver essa evolução. Hoje, estamos vendo o mercado se transformar e isso traz uma autoestima enorme para todos nós que trabalhamos aqui.”
Dona Nauvinha, há 30 anos no mercado, reforça esse sentimento. “O Mercado Central é pai e mãe de todos nós. Foi aqui que criei meus filhos, que construí minha história. Não é só trabalho, é amor. Quando penso no dia em que não estiver mais aqui, nem sei como vai ser, porque o mercado é minha segunda casa.”
Dona Nauvinha, permissionária do Mercado Velho
Já dona Angelina, uma das permissionárias mais antigas, desde 1969, recorda o tempo em que havia bancas espalhadas por todo o centro de Teresina e destaca as melhorias recentes. “Eu já mudei de ponto algumas vezes, mas agora quero continuar onde estou, pelo menos enquanto Deus me der vida eu sei que vou estar aqui no mercado. A reforma foi muito boa, está deixando o mercado mais organizado e bonito para receber as pessoas.”
Um patrimônio cultural e econômico
Afinal, são 171 anos de histórias, encontros e tradição. E, com as melhorias em andamento, o Mercado Velho segue firme, provando que passado e futuro podem caminhar juntos, garantindo que novas gerações continuem a escrever sua história nesse espaço tão especial para Teresina.
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